Procura pelo serviço de desenvolvimento pessoal tem crescido com a crise, diz especialista

Em 2013, Mark Schoepping de Souza, de 33 anos, exercia a função de engenheiro de processos quando foi promovido a líder de área na empresa onde trabalhava em Joinville. Formado em Engenharia de Produção Mecânica, vinha de uma carreira técnica e, naquele momento, sentiu a necessidade de se preparar para o primeiro posto de liderança.

Por iniciativa própria, buscou a ajuda do serviço de coaching. Ele sabia exatamente o que o incomodava: a dificuldade de delegar e de comunicar as ideias para a equipe.

— Sempre quis trabalhar com liderança de pessoas, mas não tinha todas as habilidades desenvolvidas. O coaching foi a porta de entrada para eu entender quem eu era, os pontos fortes, o que devia ser desenvolvido e elaborar um plano de ação — afirma.

Como muitos que ainda não conhecem o processo, Mark afirma que queria respostas prontas de início, e isto não aconteceu. Durante as sessões, ele mesmo acabou respondendo as questões. O processo todo durou seis meses. Segundo Mark, havia uma série de atividades que precisavam ser feitas no dia a dia e pequenos projetos para atingir os objetivos.

— Uma coisa que me surpreendeu foi a questão da comunicação, antes eu acreditava que estava sendo bem claro, mas isso nem sempre acontecia. A partir do processo, consegui me comunicar melhor com a equipe e saber os meios para atingir a clareza — explica.

Três anos depois da primeira experiência de coaching, Mark trabalha hoje na cidade de Navegantes e adquiriu outras responsabilidades ao assumir o cargo de gerente industrial. Com desafios novos, ele não descarta utilizar o serviço no futuro se sentir necessidade.

— O coaching auxilia as demandas que o profissional têm em determinado momento da vida — conclui.

ENTREVISTA:

Como o coaching funciona

O coaching é um dos muitos serviços que buscam o desenvolvimento pessoal e profissional e sua procura tem crescido neste período de crise econômica, explica a consultora Ivana Zanini.

Ela esteve em Joinville no mês de junho para divulgar o curso de formação de coaches executivos e empresariais que ocorrerá na cidade no segundo semestre. Uma promoção da Associação Brasileira de Coaching Executivo e Empresarial (Abracem) em parceria com o escritório local Lise Chaves.

Ao final do evento, dirigido a profissionais do setor, a representante da Abracem conversou com Negócios & Cia sobre o funcionamento do coaching executivo. Para ela, as várias linhas de desenvolvimento pessoal podem ser complementares conforme o momento de vida.

O importante, afirma, é buscar o desenvolvimento contínuo, pois isto garante a empregabilidade. Confira os principais trechos da entrevista:

Perguntas certas

— O coaching não é ajuda, e sim apoio, quando alguém está em transição de carreira ou de cargo, na questão da relação com pares, subordinados ou superiores ou quando há dificuldade de atingir as metas, por exemplo. O processo busca, através de perguntas, levar o profissional à reflexão e a encontrar dentro dele as respostas para o que precisa. Não é um processo diretivo, em que se diz para o cliente: "olha, é assim que funciona". Não. O cliente vai descobrir, é o respeito à capacidade que ele tem de atingir o resultado.

Resultado

— Quando se define a demanda, também é definido o resultado que se espera. Como não há indicador específico para comportamento, evidências vão indicar as mudanças naquele comportamento. E isso é decidido entre empresa, coach (quem vai conduzir as sessões) e coachee (profissional que vai receber o serviço) para que fique claro ao longo do processo.

Demanda específica

— O coach é para demanda específica, quando o profissional sabe o que está acontecendo e quer mudar a situação. Se tem dificuldade imensa de relacionamento com pares, vamos perguntando: "Qual é a dificuldade? É de conversar?..." até que ele chegue ao miolo da questão. O resultado esperado é que o profissional se sinta bem na hora de fazer afirmações junto aos pares de trabalho.

Público

— O serviço de coaching executivo empresarial é procurado por profissionais de qualquer nível hierárquico e de diferentes faixas etárias. O profissional procura tanto por conta própria - quando sente a demanda - ou quando é orientado pela empresa, que oferece o processo de coaching a ele por algum motivo. Independente de ser contratado pela empresa ou pelo profissional, o coach tem o sigilo como linha mestra, ele garante o sigilo do que é dito nas sessões.

Mudanças

— As empresas estão buscando estruturas mais horizontais, pessoas com responsabilidades iguais e autonomia nas decisões e relacionamentos, mas algumas pessoas esperam que outra diga a ela o que fazer. Sem aquele nível hierárquico tão verticalizado, a mudança traz alguma confusão ou falta de produtividade. O coach pode atuar para que o profissional descubra dentro dele o potencial para trabalhar de igual para igual com todos.

Impacto da crise

— Nesses últimos tempos, e principalmente com a crise, tem aumentado a procura pelo coaching, mas as demandas não mudaram.

Duração

— O coaching é pontual, para atender a uma demanda específica. Ele tem começo, meio e fim, com uma periodicidade de sessões de 15 em 15 dias ou a cada três semanas e dura em média entre 8 e 12 sessões. Dependendo do intervalo de sessões, estende-se por no máximo um ano. O objetivo é que ele seja mais curto.

(Fonte: A noticia)