Inovação no Empreendedorismo
- 29
- Jun
O empreendedor é, principalmente, o veículo das inovações, é o canal que vai fazer com que as mudanças trazidas pelas inovações sejam realizadas, é o empreendedor e o empreendedorismo que serão os grandes responsáveis por criarem e difundirem essas inovações na economia.
Por Joseph Schumpeter, um dos estudiosos mais influentes da inovação, foi desenvolvido alguns fundamentos, para quem quer entender e praticar mais a Inovação, Schumpeter exerce grande impacto, tanto na área acadêmica, quanto na difusão dos conceitos e práticas sobre o assunto, desde a primeira metade do século XX. Para esse fundamento, baseado na visão desse estudioso, o empreendedor tem papel chave para a inovação.
Então, nesse contexto, as inovações são entendidas principalmente como conjunto de novas maneiras de combinar os mais variados recursos. Teríamos então 5 tipos diferentes de inovações: O primeiro tipo são as inovações de produtos, o segundo tipo são as inovações de processos, o terceiro refere-se a abertura de novos mercados, o quarto tipo são as inovações que são novas frentes de oferta de matérias primas, e o último e quinto tipo são novas estruturas de mercado, como por exemplo, a criação de uma situação de monopólio para uma empresa.
Destacando alguns desses 5 tipos, começando pelas inovações de produtos e processos. As inovações de produto e de processo são importantes porque é nos produtos e nos processos onde vão ocorrer as mais importantes inovações tecnológicas. É claro que podem existir melhorias tecnológicas relacionadas a novas fontes de recursos naturais, como por exemplo, o aproveitamento da energia solar.
Quando hoje nós verificamos uma corrida pela criação de novas energias sustentáveis, a utilização da energia solar é caso típico onde novas fontes de recursos naturais ajudam a criar inovações tecnológicas mais sustentáveis. Mas para que ocorram as inovações tecnológicas em produtos e processos várias mudanças tecnológicas vão atuar, em dois níveis: ou essas mudanças tecnológicas são capazes de criar bens, serviços de processos totalmente novos, ou essas mudanças tecnológicas podem melhorar de maneira significativa produto ou processo já existente. Mas o mais importante é que nos dois casos só vai haver inovação se houver mercados para os novos produtos ou processos, ou seja, os novos produtos e processos têm que ser introduzidos, implementados, nos seus respectivos mercados, para que sejam consideradas inovações de fato. Se as mudanças tecnológicas ocorrerem mas não houver mercado de fato para o produto, ou para o processo, temos apenas uma invenção científica e tecnológica que não configura uma inovação tecnológica do ponto de vista econômico.
Outras inovações que quase sempre complementam as inovações de produtos e processos são as inovações organizacionais e as inovações de marketing. Uma inovação organizacional é a implementação de novas técnicas de gestão, ou mudanças consideráveis na organização do trabalho, ou ainda, uma inovação organizacional pode acontecer quando há mudanças nas relações externas da empresa. Uma inovação de marketing é a implementação de novas estratégias ao conceito de marketing, ou ainda, uma inovação de marketing pode acontecer através de mudanças significativas na estética, no desenho, ou na embalagem dos produtos, sem que hajam mudanças nas suas características funcionais e de uso. Da mesma forma que acontece com as inovações de produto e processo, se algumas dessas mudanças nas áreas de marketing e gestão organizacional não forem implementadas de fato pelas empresas, interessadas em praticar essas mudanças, não haverá rigorosamente nem inovação em marketing nem inovação organizacional.
Se pensarmos em termos do impacto das inovações, quanto mais mudanças descontínuas e radicais essas inovações trouxerem para a economia e para a sociedade, maior serão os impactos gerados. Todas as grandes inovações que conhecemos e que trouxeram mudanças significativas podem ser consideradas descontínuas, dentro as quais podemos citar: os antibióticos na indústria farmacêutica, o telefone na indústria de comunicações, o computador pessoal na informática, o automóvel na indústria automobilística e o formato mp3 da música digital, no caso da indústria cultural. Se observarmos no tamanho do impacto das inovações relacionadas a esses exemplos, do quanto a vida das pessoas e as empresas foram alteradas pelos efeitos dessas inovações radicais.
Essas inovações são responsáveis também por trazer novas eras e novos períodos econômicos bastante diferentes dos períodos antecedidos, exatamente porque têm poder de transformação e de mudança muito grande. Essas grandes mudanças ocorrem principalmente nos mercados, nas empresas, nas formas de consumo e nas formas de se trabalhar.
É de observar também que todos esses exemplos de inovações descontínuas têm mercados gigantescos, são inovações que tiveram uma grande capacidade de se difundir por praticamente todos os países e de fato criaram impacto significativo na economia e na sociedade como um todo.
Essas inovações radicais, ou descontínuas, são em geral a base para o surgimento de outro tipo de inovação que são as inovações incrementais. As inovações incrementas são adições de funcionalidades, de melhorias e de mudanças que não alteram significativamente o produto ou o serviço em si. Mas nem por esse motivo as inovações incrementais deixam de ser importantes. Nos nossos exemplos das inovações radicais podemos pensar em algumas inovações incrementais relacionadas a essas inovações, por exemplo, o processo de personalização do uso de medicamentos, que ocorre quando a engenharia genética consegue indicar precisamente quais tipos de medicamentos servem individualmente a cada paciente, é uma inovação incremental. Essa inovação incremental pôde tornar os medicamentos mais eficazes. Outro exemplo de inovação incremental é o processo de streaming de música, que se integrou ao formato mp3, melhorou muito a distribuição e o consumo da música em formato digital. O carro também apresenta várias inovações incrementais. Todas as tecnologias eletrônicas embarcadas nos automóveis são exemplos de inovações incrementais que tornaram o automóvel e a experiência de dirigir muitas vezes mais segura, mais eficiente e até mais divertida.
Nesta visão panorâmica de alguns dos principais tipos de inovação nos dias atuais, será que podemos pensar em algumas tendências atuais no campo das inovações? Será que podemos entender melhor algumas inovações que estão ocorrendo, se procurarmos algumas dessas tendências mais gerais?
Destaco aqui 2 tendências: a inovação aberta e os processos que estão fazendo com que cada vez mais a inovação seja realizada de maneira distribuída e orientada pelo usuário e pelo cliente. A tendência da inovação aberta é uma forma de entender o processo de inovação como processo mais amplo, menos focalizado nos aspetos internos das empresas que inovam. Os conceitos e as práticas da inovação aberta foram criados originalmente para explicar como os processos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico das empresas podem ser ampliados para considerar o maior número possível de sinergias econômicas, tecnológicas e organizacionais que podem ocorrer entre a empresa e os seus parceiros de negócios, ou seja, para o modelo de negócio da empresa e para as estratégias das empresas é necessário estruturar e sistematizar as relações com os parceiros externos, que ajudam a viabilizar o processo de inovação.
Na prática as empresas que inovam com o uso de pesquisa e desenvolvimento têm que estar mais abertas a novas oportunidades de negócios com parceiros externos e, mais importante, as empresas tem que criar competências específicas para explorar essas interações com parceiros de maneira sistemática e organizada. O importante é não se ater a uma estratégia que acredita que as empresas podem inovar sozinhas e de maneira fechada.
Em suma, a inovação aberta, valoriza o fato de que a inovação não deve depender somente da P&D interna ou de fontes internas de conhecimento. A inovação precisa ser praticada através de conjunto amplo de transações e interações da empresa com o conhecimento e com os mercados, o que exige capacidade de colaboração e desenvolvimento organizado de parcerias. Assim, mesmo que o modelo de inovação aberta tenha sido pensado para inovação que depende muito da P&D para ser gerada, a importância do relacionamento e da interação com parceiros externos pode ser generalizada para todas as empresas inovadoras, que utilizam ou não intensamente a P&D.
Outra tendência mais recente da inovação é o modelo que poderia ser chamado de modelo de inovação distribuída e centralizada no usuário e no cliente. Esse modelo difere dos modelos mais tradicionais de inovação em que a geração e o desenvolvimento da inovação estão muito concentrados na empresa produtora do bem ou do serviço inovador. Não se trata apenas de considerar que isto só ocorra com empresas que já sabem trabalhar melhor os seus relacionamentos com clientes e usuários. Com a difusão das tecnologias de interação, como as mídias e as redes sociais as empresas estão caminhando para atuarem cada vez mais em interação direta com seus clientes, consumidores e usuários.
Ainda que em muitas situações essa interação ocorra de maneira pouco espontânea e pouco forçada para algumas empresas, principalmente para as empresas que não estão preparadas para esse tipo de desafio, essa é uma tendência que atinge as empresas que atendem tanto os consumidores finais, quanto as empresas que vendem produtos e serviços para outras empresas.
Bom trabalho e grande abraço. Adm. Rafael José Pôncio
(Fonte: Administradores)