Intraempreendedorismo: um diferencial competitivo para as organizações
- 13
- Jul
Pessoas com perfis empreendedores apresentam-se versáteis, persistentes, corajosas e semeadoras de ideias. Observa-se profissionais com essas características dando início a negócios promissores e transformando a vida em sociedade. Atualmente, diante da busca incessante por diferenciais competitivos, as empresas procuram por empreendedores para atuar dentro de suas organizações caracterizando o que se conhece como intraempreendedorismo. A seguir, trataremos desse tema com mais profundidade com vistas em compreender a relevância desse perfil profissional para as organizações do século XXI.
O empreendedorismo é uma frente de atuação que pode se configurar mediante inúmeras situações. Seja pelo desejo de tornar-se dono no próprio negócio, pela dificuldade de se inserir no mercado de trabalho ou através do surgimento de uma grande ideia diversas pessoas podem ser conduzidas a empreender. Conforme Expõe Gabriela Levy (2015), empreendedorismo se constitui “a disposição para identificar problemas e oportunidades e investir recursos e competências na criação de um negócio, projeto ou movimento que seja capaz de alavancar mudanças e gerar um impacto positivo”.
Empreendedores são pessoas que possuem habitualmente a sensibilidade para identificar carências existentes em determinadas regiões – ao alocarem negócios em nichos que antes não haviam – e nas sociedades como um todo – ao criarem ou aperfeiçoarem produtos/serviços, facilitando a vida das pessoas. Neste último ponto, vale considerar que o senso comum habitualmente difunde que empreender é, unicamente, criar algo inédito. Enquanto que, melhoramentos também podem se caracterizar formas de empreendedorismo.
As características das pessoas empreendedoras costumam lhes possibilitar a criação de diferenciais competitivos diante da concorrência, mesmo que o profissional com o perfil empreendedor e seus concorrentes atuem no mesmo ramo de negócio. Logo, um verdadeiro empreendedor não costuma criar mais do mesmo e sim pensar e colocar em prática aquilo que ninguém antes fez da mesma forma.
Se faz importante um aprofundamento sobre as características dos empreendedores. Neste aspecto, Diniz apud Pilleggi (2016) presta grande auxílio, conforme observa-se abaixo:1) INICIATIVA: o empreendedor costuma buscar por oportunidades de negócios, observando com frequência o mercado em que atua ou irá atuar. 2) PERSEVERANÇA: se refere a não desistir mediante qualquer dificuldade encontrada pelo caminho. 3) CORAGEM PARA CORRER RISCOS: os riscos são inerentes ao ato de empreender. Diniz apud Pilleggi (2016) ressalta que correr riscos é distinto de correr perigo, pois o empreendedor que corre perigo é aquele que encontra-se desinformado. Mas, se está munido das informações corretas o empreendedor pode arriscar-se de maneira calculada. 4) CAPACIDADE DE PLANEJAMENTO: pessoas com perfil empreendedor têm consciência de onde se encontram e quais os meios necessários para chegarem onde desejam. Assim, esses profissionais controlam e reveem processos, direcionando os negócios rumo aos objetivos. 5) EFICIÊNCIA E QUALIDADE: geralmente os empreendedores iniciam suas atividades com pequenos negócios, sendo necessário que tenham cautela com seus recursos, utilizando-os com o máximo eficiência possível. 6) REDE DE CONTATOS: o empreendedor deve manter uma ampla rede de contatos, seja em ambientes formais ou informais, com vistas em desenvolver-se, obter novas ideias e convencer aqueles que o ouvem sobre qualidade e necessidade daquilo que tem a oferecer. O verdadeiro empreendedor não atende necessidades, ele as desenvolve. 7) LIDERANÇA: o empreendedor de sucesso possui dentro de si os componentes da liderança, conduzindo e inspirando pessoas, bem como as ouvindo e gerando comprometimento na execução das atividades na organização.
As características apresentadas compõem um profissional de alta performance. Sabendo disso, e estando expostas a uma concorrência cada vez mais acirrada, as empresas têm se voltado para captar no mercado (e manter nas organizações) pessoas com perfil empreendedor para compor equipes dando origem ao que se chama de intraempreendedorismo.
Dentre os benefícios que o intraempreendedorismo pode conceder para as organizações, está o estímulo à inovação, em virtude do fato de que os colaboradores intraempreendedores atuarão com a criação de novas ideias que resultem em algo novo ou em soluções dentro do que já existe na organização.
Além disso, a possibilidade de empreender na empresa em que trabalha pode render ao colaborador motivação. Pois a gestão participativa, na qual o colaborador possui espaço para expor suas opiniões, vendo muitas delas serem colocadas em prática, pode resultar em um estímulo motivacional que contribui para o bem estar daquela pessoa no ambiente de trabalho, para o surgimento de novas soluções vindas dela e para a permanência desse talento na empresa.
Marinho C. Montenegro (2015), no artigo “Empreendedorismo e Intraempreendedorismo: a bola da vez” afirma que:
As empresas querem cada vez mais profissionais que tragam soluções inusitadas para seus problemas, sejam proativos e inovadores, ou seja, que tenham um perfil intraempreendedor. Basicamente, eles querem que esses funcionários apliquem o comportamento empreendedor em prol da própria empresa. Se, em forma tradicional, o empreendedorismo é realizado por empreendedores, que agem de forma independente e são os únicos responsáveis pelos riscos e beneficiários da ação empreendedora, no intraempreendedorismo a ação é realizada por intraempreendedores, que são colaboradores de uma organização que agem como empreendedores. Essa ação empreendedora é feita em consonância com os objetivos da organização, que também sofrem as consequências dos riscos e benefícios das ações empreendedoras, e cujo ambiente e recursos podem facilitar ou dificultar essa ação.
Portanto, diante do citado por Montenegro (2015), percebe-se o ganho para as empresas caso encontrem e retenham profissionais intraempreendedores. Estes podem ocupar qualquer posição hierárquica dentro da organização, podendo contribuir com a mesma independente da quantidade de títulos que tenham. Mas, para que uma empresa atue dessa forma, é necessário que toda a estrutura da organização esteja em equilíbrio com o intraempreendedorismo. Assim, a cultura e clima organizacionais, os líderes e as equipes precisam estar alinhados.
Com vistas em fomentar o intraempreendedorismo as empresas devem, primeiramente, observar quem são os colaboradores que atendem a esse perfil e estimular a continuação desse comportamento, reconhecendo contribuições e reforçando a necessidade da ação intraempreendedora. Caso alguns colaboradores não apresentem o perfil, pode-se buscar o desenvolvimento das habilidades nesses profissionais, o Coaching pode ser um grande suporte nesse aspecto. Não sendo possível o desenvolvimento, pode-se inserir esses colaboradores em outras atividades que não estejam ligadas diretamente ao ato de intraempreender, ou auxiliá-los a se colocarem em outras organizações que abracem seus perfis.
Nesse ponto, a gestão de pessoas assume papel-chave e de grande responsabilidade. Pois deverá buscar intraempreendedores no mercado, manter aqueles que já encontram-se na organização e tentar desenvolver ou realocar em outra empresa aqueles que não condizem com o perfil do negócio. Bem como, capacitar todos que permanecem dentro da empresa a acerca do intraempreendedorismo, a fim de que atuem com responsabilidade, não colocando em risco os recursos da organização e sua posição no mercado.
André Krummenauer (2016) expõe dicas para as organizações que desejam adotar o intraempreendedorismo como estratégia competitiva. Abaixo, é possível observar algumas delas:
1) APLICAR UMA PESQUISA DE CLIMA, verificando se os colaboradores estão engajados e se internalizaram seus papéis dentro da empresa, com vistas em estimular a participação e o senso de responsabilidade nas pessoas. 2) CRIE UM CANAL ABERTO DE IDEIAS COM TODO O TIME, incentivando as contribuições das pessoas bem como expondo a relevância de cada uma delas para o funcionamento da organização. 3) CRIE UM FUNIL DE IDEIAS, ressaltando aquelas que proveram à empresa resultados positivos, a fim de colocar o time na mesma página. 4) APLICAR O PDCA, ferramenta que envolve o planejar, o fazer, o checar e o agir, a fim de controlar os processos em andamento na empresa. 5) AGIR COMO UM VERDADEIRO LÍDER, buscando monitorar se em algum momento está agindo como chefe para que possa melhorar o comportamento, agindo como um direcionador e influenciador das pessoas rumo ao intraempreendedorismo. 6) CONVIDE PESSOAS INSPIRADORAS DE OUTROS LUGARES PARA PALESTRAREM EM SUA EMPRESA, para que todos tenham uma visão além das paredes da organização. 7) DELEGUE. É essencial que o líder não centralize o poder, pois isso mata a cultura empreendedora. O ideal é que aja espaço para que cada pessoa mostre seu potencial.
Diante de todos os pontos apresentados, cabe às empresas buscarem desenvolver e dar condições de participação para seus colaboradores. Assim, os líderes devem agir estimulando o intraempreendedorismo, buscando equilibrar a organização com essa modalidade de empreendedor em termos de cultura, clima, em ações de desenvolvimento humano e em ferramentas a serem utilizadas pela organização. Assim, acredita-se que o intraempreendedorismo poderá ser aplicado e auxiliará no destaque dos negócios.
(Fonte: Administradores)